Vou dizer com a maior clareza o que penso sobre música. É a cobertura do bolo da vida.
O chantilly que o torna mais saboroso mas é menos importante do que o bolo. Por isso mesmo, eu nunca disse que minha vida é cantar. Diga-se o mesmo da canção religiosa. É a cobertura do bolo da fé.
Mas é menos importante que a Palavra de Deus. Por isso, às vezes, eu, que fiquei conhecido por minhas canções, gosto de celebrar sem cantar, porque Bíblia e Cálice valem mais do que um violão.

Orar é indispensável, cantar não é. Se música de menos na Igreja é celebração sem alma, música demais é falta de catequese e de bom senso. Se tiver que escolher entre a música e a Palavra falada, escolho a palavra falada. Entre ser cantor e ser padre, escolho ser padre. Não sou padre porque canto! Canto porque sou padre! É um dos muitos serviços que presto ao povo de Deus. Não pode nem deve ser o único. Por isso, quando me chamam só para cantar, eu não vou. O bispo que me ordenou me mandou fazer mais do que cantar. Aliás, ele nem falou em cantar. E não fala.

Que meu testemunho sirva de reflexão para quem dá excessivo valor à música na Igreja.
Dizem que sou o padre que mais faz canções em todo o mundo. Então eu tenho alguma autoridade para dizer o que estou dizendo: que os cantores religiosos não confundam orar com cantar. Orar é essencial. Cantar continua acidental. Somos importantes e até necessários, mas há ministérios mais importantes que o nosso na Igreja.
Que nossas canções não atrapalhem a catequese da Igreja!

Pe. Zezinho, scj