No nosso tempo, ávido de esperança, fazei com que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Assim, ajudareis a fazer que tome forma àquela "cultura do Pentecostes", a única que pode fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos canseis de invocar: "Vem, ó Espírito Santo! Vem! Vem!". (Papa João Paulo II)

  As palavras do saudoso papa João Paulo II, ditas aos líderes da RCC na Itália, contém fortes elementos que podem nos despertar para a importância de se permanecer fiel a um sentido estrito na forma de atuação do Ministério de Música e Artes da RCC.
  Vemos aí a menção de um tempo “ávido de esperança”. É interessante questionar essa avidez. Outrora, nutriu-se grande esperança por um tempo em que a razão e a lógica científica pudessem conduzir a humanidade para melhores tempos. No entanto, quando se vê grandes avanços tecnológicos e a implantação de sistemas de organização lógica nos campos da política, economia e em tantas outras áreas da sociedade, percebemos ainda um mundo “ávido de esperança”. O que tanto esperamos, afinal? Pode-se denotar um tipo de resposta nas palavras do Papa: “fazei com que o Espírito Santo seja conhecido e amado”. A esperança é de se chegar a obter a paz social, a alegria plena, o amor entre as pessoas... Adentrarmos no conhecimento e contato amoroso com o Espírito de Deus pode, então, responder de fato aos nossos anseios mais íntimos, mas a real esperança nem sempre é percebida em sua forma certa, por isso há tanta avidez e ansiedade no nosso tempo.
   A arte cristã é uma poderosa ferramenta para tornar conhecido o Espírito Santo, mas, sem dúvida, é ainda mais destacável sua capacidade de torná-lo amado. Através da música, da dança e das diversas manifestações artísticas se podem transmitir sentimentos e emoções que transitam do artista diretamente para os corações e mentes das pessoas. Os artistas cristãos precisam ter paixão, não tanto pelo que fazem, mas por quem os inspira e motiva. Se cantarmos, dançarmos, encenarmos e expressarmos sob as muitas formas de manifestações artísticas o amor a Deus, isso se tornará veículo poderoso pelo qual emitiremos uma mensagem ao nosso tempo: precisamos e podemos conhecer e amar a Deus hoje, pois Ele é a resposta para as nossas mais profundas esperanças.
  Mas o Papa falava também de dar forma a certo tipo de cultura, a cultura do pentecostes. Ele dizia que essa cultura é a única capaz de fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos.
São palavras fortes e não foram ditas, certamente, sem uma grande reflexão, e desde então tem repercutido bastante a expressão “cultura de pentecostes”, entretanto, eu acho que ainda nem chegamos perto do que pode vir a ser tal coisa. Vemos por aí muitos tipos de culturas, e muitas têm sacudido a sociedade com suas mensagens. Há uma cultura sensualista embutida em diversas expressões artísticas. Há a cultura da rebeldia e da contestação, que se manifesta de diversas formas, e não há muito tempo em que a víamos na forma de músicas de protesto às ditaduras que dominavam parte do Continente Americano, como também às posturas políticas de diversos outros países. Também nos acostumamos vê-la em muitas outras tendências e movimentos, tais como o Rock and roll, os Punkies e outros em que também se percebe expressar-se a contestação e a rebeldia. Não vamos agora partir para listas e análises das diversas tendências e movimentos, basta dizer que temos nos acostumado com diversos tipos de cultura que se manifestam sob as mais variadas formas, porém, é ainda tímida e precisamos ver agigantar-se e tomar contornos mais nítidos a cultura de pentecostes.
  Não sei se me engano, mas ao menos no Estado em que resido, parece-me poder afirmar que expressões artísticas que se baseiam na espiritualidade de pentecostes têm sido mais fortemente veiculadas por meio dos Evangélicos. Inclusive, tenho notado também a força de suas músicas e de suas formas de expressão crescendo também entre os católicos. Não quero instigar aquele tipo de debate, já um tanto desgastado: devemos ou não utilizar de músicas evangélicas nos Grupos de Oração e em missas? Mas quero sim motivar os irmãos que, como eu, atuam junto ao Ministério de Música e Artes da RCC a deixarmos ecoar fortemente as palavras do Papa: Assim, ajudareis a fazer que tome forma àquela "cultura do Pentecostes", a única que pode fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos. Eis aí a missão da RCC, contribuir para que tome forma essa cultura, e a nossa parte é fazer isso por meio das expressões artísticas.
“Com insistência fervorosa, não vos canseis de invocar: "Vem, ó Espírito Santo! Vem! Vem!". Esta última parte da fala do Papa contém o elemento fundamental para que essa cultura tome forma: a invocação contínua ao Santo Espírito. Muitas vezes, tenho visto pessoas dizendo: ah, parece que se fala sempre da mesma coisa, deveria se falar de outros assuntos também. Dizem isso em relação às mensagens que se passam através de músicas e outras expressões, como também através de palestras e livros, etc. Bem, creio que podemos falar de tudo, mas nunca podemos deixar de insistir fervorosamente, e nem nos cansar de clamar continuamente: vem Espírito Santo! Caso passemos a tratar a música e arte que fazemos na RCC de outra forma que não seja como forma de invocação contínua à presença e força do Espírito Santo, estaremos abrindo mão da nossa missão específica, e que por meio dessas palavras vemos ser reconhecida assim pela Igreja: a de tornar conhecido e amado o Santo Espírito.
  Na Igreja há muitos serviços e missões, e muitos são originados por antigas espiritualidades. A nossa espiritualidade é pentecostal e o nosso serviço e missão primordial é tornar o Espírito Santo cada vez mais conhecido e amado. Na RCC realiza-se isso sob muitas formas de serviços, o que também denominamos de Ministérios; o nosso Ministério é tornar mais conhecido e amado o Espírito Santo por meio das expressões artísticas; e estaremos atingindo nossa meta sempre que formos fiéis a nossa espiritualidade. Podemos variar estilos e podemos tratar de muitos assuntos em nossas músicas e em nossas manifestações artísticas, mas não podemos nunca nos cansar de clamar sempre mais: vem, ó Espírito Santo! Vem! Vem! Vem! Vem! ...

Autor: Renato Menghi