Em nossa última formação falei sobre "Músico - Chamado", o quanto devemos estar abertos a voz de Deus e aceitá-la como músicos que somos. Nessa formação gostaria de aprofundar um pouco mais nossa conversa, adentrando no nosso Ministério: o Ministério de Música.
Quero chamar a atenção para um tema essencial, para uma dádiva dada gratuitamente por Deus e que deve ser cultiva diariamente por nós cristãos e principalmente por nós músicos. Quando me deparo com esse tema vejo o quanto necessitamos estar mais íntimos de Deus para estarmos cheios desse carisma que se chama Amor.
Para entendermos um pouco mais do que se trata o amor, é preciso conhecer as três realidades que existem.
Para começar falo do amor Eros que define um amor entre dois seres: homem e mulher que se unem para compartilharem algo que não vem da inteligência, nem da vontade, como declara a carta "Deus Caritas Est" do Emérito Papa Bento XVI, mas que é imposto ao ser humano.
Tem também o amor Ágape, claramente mostrado em todo o Evangelho, mas que tem a sua essência em João 3,16: "Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu filho unigênito para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".
E por fim o amor Philia, Amizade em grego. Aquele amor ao qual Jesus pelos três anos em que teve sua vida pública manifesta, manteve-se intimamente ligado aos seus discípulos.
É sobre este amor falado por último que quero chegar ao nosso coração. Quando nos tornamos discípulos do Mestre, nos deparamos com uma realidade diferente da que estávamos acostumados. Éramos ouvintes até então. Quando fomos chamados e abraçamos a causa, nos tornamos discípulos e como discípulos levamos a frente a Palavra do reino. Iniciamos uma nova realidade em Deus.
Talvez seja uma contradição. Mas, quando abraçamos Jesus, entendemos que necessitamos carregar nossa cruz e por vezes ajudar o irmão a carregar a sua. Mas o que cruz tem a ver com amizade e até com Ministério de Música?
O Ministério apresenta diante de nós as alegrias dos corações transformados e tocados por Deus, como também os problemas e dificuldades de levar o Evangelho ao próximo.
Sendo Ministros de Música, somos discípulos do Mestre e como discípulos devemos seguir os seus passos. São Lucas relatava em sua comunidade nos Atos dos Apóstolos que "... há maior alegria em dar do que receber" (Atos 20, 35). Muitas vezes fazemos o contrário. Esperamos alegria recebendo dos outros. E sabemos que o Ministro deve-se doar e não esperar, como fez Jesus por nós. Nosso amor deve ser gratuito. Devemos cantar, tocar, evangelizar e não esperar aplausos e agradecimentos. Devemos servir. Amor servidor. Um grande padre da Igreja, Venerável Tomás de Kempis em sua obra maior Imitação de Cristo já dizia que "não há melhor e mais útil estudo que conhecer-se perfeitamente e desprezar-se a si mesmo. Ter-se por nada e pensar sempre bem e favoravelmente dos outros, prova é de grande sabedoria e perfeição".
Falo isso não para que rastejemos e nos humilhemos, mas para que amemos as pessoas que recebem nossa evangelização. É preciso amar o povo ao qual se está tocando com amor Philia, é preciso transformar esse relacionamento em amizade. Quando nos tornamos amigos dividimos nossas alegria e nossas dificuldades. E o peso que antes era demais, torna-se agora mais leve. O Ministro de música não deve desprezar ninguém antes ou após um encontro. Deve ser atencioso, humilde, alegre, prestativo, bondoso com as pessoas. Não buscando interesses seus como declara São Paulo aos Coríntios.
Muitas vezes me deparei com músicos que se tornaram estrelas, que acharam ter brilho próprio. Esqueceram que todo "brilho" que tem vem de astro maior que é Jesus Cristo. O músico deve ver o público que está tocando, deve ter a "cara" do povo o qual ministra, aí então saberá o que é ser Ministro de Música.
Que Deus nos ajude a ser mais amigo Dele e do povo pelo qual Ele nos destinou e que nossa Senhora esteja sempre a frente nos ajudando a levar Deus aos corações.
Quero finalizar nossa conversa deixando as palavras de um grande santo cantor que se fez pequeno para que o Mestre chegasse até nós.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa
paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna. (São Francisco de Assis)
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna. (São Francisco de Assis)
Festa da Divina Misericórdia, 12 de abril de 2015.
Eder W. Espindola
Cordenador do Ministério de Música e Artes da Forania de Palhoça - SC
Se o seu chamado é ser músico como é o meu, então o façamos e o façamos bem! Paz e bem!
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